Série HOMENS DE AREIA | 2012
HOMENS DE AREIA
O chamado "trabalho informal" abarca diversas modalidades de atividade laboral. Para fins de sua caracterização, entende-se como atividade não regulamentada no Brasil por legislação trabalhista específica. Pode-se dizer que se constitui em uma manifestação de atividade não estruturada em moldes tipicamente capitalistas, mas nem por isso alheia
a esse modo de organização hegemônico nas sociedades e economias ocidentais. Nesse contexto, certas regras comportamentais dos vendedores ambulantes, por exemplo, refletem tradições da microcultura compartilhadas pelos trabalhadores do ramo do comércio, construídas pela interação entre eles em suas práticas laborais e repassadas de geração em geração.
O trabalho informal também costuma ser enquadrado no que se convencionou chamar
de "trabalho sujo", conceito que recobre uma gama de atividades laborais, marcadas em geral por representação social negativa, risco elevado e/ou natureza ilegal e um caráter de indesejabilidade que se enraíza em nossa sociedade.
Muitos desses trabalhadores estabelecem suas atividades em praias – espaços instáveis, flexíveis, de forte exploração comercial, alto índice de informalidade e procura sistemática por parte dos moradores locais e turistas. Esses locais facilitam a rápida inserção e disseminação de trabalhadores por conta própria e lhes exigem certa capacidade de adaptação e flexibilidade para lidar com os diversos fatores imponderáveis de uma atividade que assume diferentes configurações em função do horário, dia da semana, época do ano, tipo e demanda de consumidores e infraestrutura disponível.
Mais precisamente na cidade do Rio de Janeiro, iniciei em 2010 a pesquisa intitulada "Homens de Areia" que inicialmente procurava revelar os vendedores ambulantes da orla carioca com um olhar documental. Como o principal interesse era "enxergar" esses trabalhadores "invisíveis", procurei "isolar" suas presenças buscando um enquadramento que destacasse a potência visual desses trabalhadores em nosso cotidiano. A intenção aqui não era fotografar os produtos, mas quem os vendia de maneira fortuita com veracidade e ampla liberdade poética.
André Bauduin | 2012
Fonte: Caracterização da atividade laboral de trabalhadores informais em praia de Natal (RN) – Brasil
Débora Guerra Pereira Xavier, Jorge Tarcísio da Rocha Falcão, Camila Costa Torres.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Natal, RN, Brasil)