SÉRIE OBRA DA OBRA | 2016

OBRA DA OBRA.

André Bauduin não tem os pruridos e os cacoetes daqueles que se esforçam para conseguir 

a legitimação de "artista". Tampouco estou aqui para me apropriar de clichés e frases feitas 

para tentar te convencer do valor de sua obra singular. Não tenho esta qualificação, 

sou um transeunte como outro expectador qualquer que visita esta mostra, tal como também 

o é - por escolha de chave de trabalho - este fotógrafo que aqui exibe sua visão em constante 

mobilidade pelas veias de sua cidade.

 

Sempre atento ao que se passa diante de si em uma simples caminhada ou mesmo pela janela 

de seu carro, tem o espírito do reporteiro moderno. E agora se depara (e se auto limita) com 

as paredes e obstáculos, chãos de seus caminhos, que lhe oferecem uma possibilidade 

de construir grafismos com partículas do que já foi paisagem. Com esses elementos repetidos 

transmuta do descritivo para o filosófico, como as nove caixas de correio clonadas em retângulo: 

o porvir é eterno e oxalá adentre pelas fendas constantemente abertas para ele.

 

Influência de sua atividade e talento de publicitário, a cor forte exige estar presente quase sempre, 

bem como a renúncia em ser imparcial ao batizar suas obras. Nos aconselha a nos suportar. 

Ou seria uma ordem? Nada menos subliminar. Obras "sem título" aqui, de fato, não fazem sentido.

 

Renan Cepeda | 2016

Obra da Obra

2016, individual, galeria Paçoca

curadoria: Renan Cepeda