SÉRIE SINAIS LIMITE | 2012
"A sensação de que existia um vasto mundo não me saía da cabeça
e o desejo de ir vê-lo me levava em direção a outros horizontes".
Pierre Verger
Ao me deparar com o sentimento de mundo de Pierre Verger, lembrei-me de que me senti num lugar muito semelhante quando decidi me dedicar à fotografia – escolhendo uma nova rota nos cenários da minha existência a me oferecer, imaginariamente, uma visão infinita do mundo. E assim, dentre as inúmeras possibilidades visuais que venho experimentando nessa trajetória, circunscritas no momento às cenas da vida cotidiana na cidade onde vivo – o Rio de Janeiro – quero destacar uma produção em especial, a série “Sinais Limite”.
Trata-se de uma composição em imagens orientada, simultaneamente, por uma experimentação ora metonímica, ora alegórica, cuja finalidade é a criação de uma poética visual a partir de signos destinados ao controle da circulação de pessoas na cidade. Através de uma pesquisa fotográfica que hoje alcança o período dos dois últimos anos, “Sinais Limite” apresenta-se como experiência em arte conceitual que surge de forma a apontar os automatismos inscritos nos corpos dos cidadãos de quaisquer cidades contemporâneas sob o inatacável argumento da preservação de suas vidas.
Entretanto, como diria Michel Foucault, a domesticação torna os corpos produtivos. Por isso mesmo, desde o advento das sociedades modernas, as instituições escolheram desistir do suplício como norma, optando por internalizar a disciplina. Inscrita no âmbito social, a disciplina é aplicada por meio de redes invisíveis e acaba ganhando aparência de naturalidade. A ideia é formar corpos obedientes e úteis desde que a disciplina da sujeição faz do corpo uma aptidão enquanto anula sua energia potencial. Seu resultado social e político é o enfraquecimento de recursos vitais, mediante um dispositivo que acaba por soterrar as possibilidades de ações autônomas e criativas. É nesses termos que apresento a série “Sinais Limite”, dando às imagens uma dimensão monumental de forma a demonstrar a relevância de seus significados implícitos. Por tudo e portanto, vamos aos “Sinais Limite”.
André Bauduin | 2013
Série "Sinais Limite", classificada no Prêmio Pierre Verger com 27 obras, 2013